quarta-feira, 19 de maio de 2010

Fórum discute o papel do periodismo

“Eles usam os microfones das rádios para fazer campanha aos seus candidatos. Isso é crime”


Realizada na Universidade Nacional del Este (UNE), em Cidade do Leste (PY), no dia 8 de maio, a atividade contou com a participação de jornalistas, professores, estudantes e comunicadores da Tríplice Fronteira. A discussão destacou o papel da imprensa e dos jornalistas em tempos eleitorais. O debate foi mediado pelos jornalistas Edgardo Barchuk, Radio Nacional e Diário Primeira Edición (Argentina); Mariana Ladaga, La Nación (Paraguai); e Denise Paro, Gazeta do Povo (Brasil).


“El periodista como ser político y la objetividad en tiempo de elecciones — Cómo se cubren las elecciones en cada país.” Esse foi o tema central e balizador do encontro. Os debatedores trouxeram exemplos de legislação e casos de coberturas jornalísticas nos períodos de eleições. Os casos sugeriram uma boa discussão com os par ticipantes.


Trabalhadores da imprensa dos países vizinhos e estudantes engrossaram a análise, com dezenas de experiências. Para Barchuk, a credibilidade é fundamental para o exercício do jornalismo. “Infelizmente, vemos meios e profissionais praticando um jornalismo tendencioso a um ou outro candidato.”


O jornalista citou um exemplo do veículo em que trabalhou na Argentina. “Fizeram um acordo com o governo. Ficou proibido citar o nome de determinado candidato. Não poderia falar nem mal nem bem. Simplesmente, ele não existia.”


Florinda Vega, dirigente do Sindicato dos Jornalistas do Paraguai e jornalista da Radio Magnificat FM, 103,9, de Cidade do Leste, narrou situações do uso de concessões públicas a serviço de grupos políticos. “Eles usam os microfones das rádios para fazer campanha aos seus candidatos e atacar opositores. Isso é crime.


O poder dos médios aqui é muito forte. Quem tenta ousar e criticar são perseguidos. Precisamos nos organizar melhor. Os trabalhadores precisam estar unidos para combater isso. É uma luta diária”, revelou.


Conforme Denise Paro, os episódios envolvendo a imprensa atrelada a interesses políticos não estão restritos aos países vizinhos. Ela apresentou um estudo de caso que demonstra a ligação de grandes veículos de comunicação com interesses político-partidários.


“Nas capas recentes da revista, já dá pra ver qual é o seu candidato. Percebam como ela apresenta o Serra e, depois, a Dilma. Preste atenção nas fotos, cores e texto. O repórter não faz nenhuma crítica ao candidato do PSDB”, destacou Denise.


Desdobramentos — A sede em compartilhar experiências e lutar por uma comunicação mais democrática permeia todas as falas. Com o intuito de manter a discussão, os presentes deliberaram ser prudente ter um espaço, por ora, virtual para os profissionais e estudantes trocarem experiências. Todas as atividades do fórum, como comunicados, eventos, congressos, seminários e textos, serão divulgadas no blog do fórum.


O texto foi publicado originalmente no Jornal da Subseção de Foz do Igauçu e Região do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná. Clique aqui para ler a publicação na íntegra.


Em breve: informações, notas, estudos, agenda, relatos, fotos e vídeos.

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